LOGOMARCA DO ATELIER DE ARTE E RESTAURAÇÃO

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sábado, 15 de setembro de 2012

Fantasmas nos templos

Fantasmas nos templos Angela Leite Xavier angelaxbr@yahoo.com.br Uma lenda diz que, debaixo da Matriz de Nossa Senhora do Pilar, existe muito ouro. Dizem até existir um túnel debaixo dela que vai dar no Morro da Queimada. Por ele, os escravos de Paschoal da Silva Guimarães teriam tentado salvar o ouro de seu senhor quando o morro foi queimado por ordem do Conde de Assumar. Muitos escravos teriam morrido lá embaixo em conseqüência dos desabamentos. Por isso, até hoje, ouvem-se suspiros profundos das almas penadas daqueles mortos. Na verdade existe uma boca de mina debaixo da igreja. Ela foi descoberta por ocasião da restauração da igreja. Os homens desceram pelo porão, batendo o rosto nas muitas teias de aranha e afundando os pés na camada fofa de pó que cobria o chão. Deram com a boca da mina mas, em condições muito precárias, o que impediu o acesso ao seu interior. Uma vez, tarde da noite, um cônego foi chamado para dar assistência a um doente muito mal em seu leito. O religioso foi até a Igreja do Pilar buscar o viático para ministrá-lo ao enfermo. Dentro da igreja estava um seu irmão de ordem, desconhecido, ajoelhado, rezando. Como as portas estavam trancadas, o vigário não entendeu como o desconhecido havia entrado lá e perguntou a ele. Surpreso, ouviu-o dizer que morava ali mesmo. Em seguida, desapareceu, deixando o cônego de boca aberta Mas não é só a Matriz do Pilar a encerrar um caso assombroso. Outros templos também têm suas histórias. Antigamente havia uma fábrica de pigmentos naturais perto da Capela da Piedade. Toda aquela região é rica em pigmentos de vários tons, muito usados, antigamente, nas pinturas artísticas e de casas. Havia um senhor que era fiscal daquela fábrica e ia lá todos os dias fazer o seu trabalho. O local era deserto, não havia nenhuma casa nas redondezas, apenas a capela e o galpão das tintas. Uma tarde quente de sol, estava ele dirigindo-se à fábrica, como sempre fazia. Quando passou próximo ao adro da capela, avistou um padre aproximando, com aquela batina preta cheia de botões, chapéu preto, vindo dos lados do Padre Faria. O padre caminhava rapidamente, de cabeça baixa, em direção à porta da capela. O fiscal da fábrica tentou se aproximar para conversar com o padre. Então aconteceu o inesperado. O padre desapareceu bem na porta da capela. O pobre homem ficou atônito. Esse fato voltou a acontecer muitas outras vezes, presenciado pelo mesmo fiscal. O padre, andando apressado e desaparecendo na porta da capela de Nossa Senhora da Piedade. Muitas igrejas em Ouro Preto têm mistérios ainda não desvendados. Na Igreja do Rosário, podem-se ouvir, à noite, tambores e cantos maravilhosos. Ao ouvir esse som, muita gente, vencendo o medo, costuma encostar a cabeça nas paredes de pedra e ficar assim por muito tempo, apreciando a beleza daquela música misteriosa. Também na Igreja de São Francisco de Assis, muitos já ouviram gemidos e arrastar de correntes, em plena madrugada. Também foi visto no interior do templo, um irmão com hábito preto, rezando o breviário. Dentro da Igreja do Carmo, ouve-se um arrastar de chinelos. Dizem que é Maria Chinelaque assombrando. Ela era uma preta velha que limpava a igreja e estava sempre arrastando seus chinelos pelas ruas de Vila Rica. No interior da Igreja de Santa Efigênia, ao meio-dia, estando a mesma fechada, ouviu-se conversa de negros Mina, com seu sotaque característico. As vozes vinham da capela- mor. Muitas vezes, à noite, velas acesas foram vistas sobre as campas do cemitério da Capela de Nossa Senhora das Dores. A Igreja de São Francisco de Paula, muito antes de possuir iluminação elétrica, foi vista toda iluminada, brilhando na noite escura. Um passado rico em história tem seus vestígios materiais ou fantasmagóricos como tantas vezes ouvi contar. Acredita quem quer e, com certeza, quem viu e ouviu algo sobrenatural nos templos de Ouro Preto. (Texto adaptado de “Tesouros, fantasmas e lendas de Ouro Preto”, de Angela Leite Xavier)

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